BALDIO






BALDIO é uma criação do Teatro do Frio, em resposta a uma encomenda da Culturgest no âmbito do programa “Isto não é um cubo” da RPAC - Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.



“Um baldio é uma área pública ou comunitária?
Em termos do nosso ordenamento jurídico e constitucional,
o baldio não é uma propriedade pública, nem privada, 
mas sim comunitária. Assemelha-se a um tipo de propriedade coletiva.”
9.ª entrada da lista de FAQs
Site oficial da Federação Nacional de Baldios



Arquipélagos/ Uma História do Infinito – Percurso do Rio Febras, Briteiros, 2024
Fotografia de arquivo © Miguel F




“A experiência de uma natureza que não é de ninguém (...)
é algo que muda radicalmente a perceção social do que
significa relacionar-se com algo (..) Nós habitamos um
espaço que é comum não porque ele é propriedade coletiva. 
Ele é comum porque não é propriedade pura e
simplesmente e nunca poderá submeter-se à condição de propriedade”
Vladimir Safatle
Um Comum para além do Humano, conferência MEXE 2019






CONCEITO


Baldio é um projeto de pesquisa e criação performativa que cruza os territórios da composição – palavra que conecta e hibridiza os processos de criação do teatro, da dança e da música – com a literatura, a filosofiae com o movimento social “comunidades de transição”.

Transposto para o território da co-criação, baldio será o espaço co-labor-ativo - sensorial, imagético, mental - que se potencia e movimentaentre criadores, referências, práticas, poéticas e materialidades. O espaço-tempo “por entre”, o espaço-tempo “para”.

Toma como ponto de partida para a escrita dramatúrgica o arquivo textual e audiovisual de projetos concebidos e implementados pelo Teatro do Frio entre 2021 e 20251. A seleção de projetos recai sobre aqueles que nos colocaram em contacto direto com o espaço público e suas presenças, entrelaçando os domínios da criação e participação. A partir deles, propomo- nos a olhar o espaço público não somente como um enorme gabinete de curiosidades, mas como o laboratório alquímico da contemporaneidade, ao qual não podemos deixar de pertencer, no qual estamos inevitavelmente imersos e do qual somos participantes - algures entre a sala de ensaio e o espaço público, entre o artista e o cidadão, entre o humano e o cosmos.

Em Baldio, propomo-nos a pesquisar, ensaiar e ativar uma proposta performativa que convida público e criadores a coabitar um mesmo espaço-tempo de ação e imaginação, deixando-se submergir e imergir num espaço-tempo comum, simultaneamente laboratorial e simbólico.

Partindo do arquivo documental de um coletivo de criação artística e através de metodologias de criação entrosadas, propomo-nos afirmar a imaginação como um elemento fundamental da sobrevivência e da participação tendo em vista a capacidade de especular, jogar e engendrar, colaborativamente, a possibilidade de alternativas para a Vida que temos “em comum”.


1 Referimo-nos a Paraíso Bruto (2021); Manifestações (2021) ; Sessões de Pensamento “Imaginando
com”; (2024); Laboratórios do Encontro (2024); e Onde está a Festa?! (2025)



“O carvalhal era uma extensa zona de serra [Souto da Casa, Fundão,
Castelo Branco] partilhada entre a Irmandade do Santíssimo, a Casa
Garrett e o povo de Souto da Casa, que numa Quarta-feira de Cinzas,
resolveu vitoriosamente, e não sem violência, uma questão com a Casa
Garrett. A comemoração anual desta vitória perdeu muitas das suas
características primitivas, tal como a habitual pregação do regedor local,
que terminava com estas palavras: "O céu é de quem o ganha e a terra de
quem a amanha". No entanto perpetuou-se a peregrinação ao Carvalhal,
com a "música" à frente a tocar de manhã à noite, num ambiente de
fraternal alegria, de onde surge de tempo a tempo a pergunta: "De quem é
o Carvalhal?" com a resposta coletiva: "É nosso!".

Michel Giacometti, Antologia da Música Portuguesa 1971


Arquipélagos/ Laboratórios do Encontro, Briteiros, 2024
Fotografia de arquivo © Ana Dinis



“Paraíso não é o que queríamos
é o que criamos”
Mike, skater, hacker
participante Paraíso Bruto (2021)






PROJETO


“E se... libertássemos a nossa imaginação para criar o futuro que desejamos?”
Rob Hopkins


A dramaturgia original de Catarina Lacerda, Malu Vilas Boas e Lígia Soares tratará de revelar e ressignificar uma cosmologia intertextual e polifónica que se tece através e a partir do arquivo textual e audiovisual dos projetos referenciados, desafiando-nos a refletir, hoje, sobre o lugar que ocupamos e o lugar que queremos ocupar no mundo contemporâneo. Através dela, refletiremos e atualizaremos relações simbólicas e conceptuais sobre as noções de paraíso e espaço público, desejo e labor, criador e cidadão, laboratório e baldio; nela celebraremos o encontro e colaboração com o Outro - desconhecido, conhecido, criador, cidadão, humano, para-além humano -, escutando-o, aceitando-o, reclamando-o; dela resultará um texto que entende a escrita como um gesto catalisador de relações que evidenciam a necessidade e inevitabilidade de vivermos “com” e “entre” e “para”.

O processo metodológico de escrita será alimentado por duas residências. 

Na primeira, no Campo do Gerês e com a Associação Rural Vivo, conheceremos elementos da comunidade local que vivem a gestão diária de baldios. A par das dramaturgas, estará presente a equipa de comunicação do projeto. Juntos, revisitando o arquivo TdFrio e caminhando os baldios, refletirmos sobre o conteúdos e referências2 que se constituem como gérmen dramatúrgico do projeto. Colaboramos assim num duplo sentido, agitar diferentes sensibilidades e abrir possibilidades para a escrita dramatúrgica e simultaneamente definir, a partir do gérmen dramatúrgico, aquela que será a estratégia de comunicação e difusão do projeto.

Na segunda, nas Caldas da Rainha, no espaço do Coletivo OSSO, a partir de um primeiro esboço da proposta dramatúrgica, debruçar-nos-emos sobre as potencialidades do dispositivo cénico enquanto laboratório alquímico da performance – um espaço onde corpos, palavras, materialidades e tecnologias coabitam e se apresentam enquanto indícios catalisadores da performance. Um espaço que convida - a estar, a ouvir, a relacionar, a especular relações “por entre” corpos, palavras, materialidades e tecnologias; um espaço que incita a imaginação e convida à abertura – “E se...?”. Nela, ensaiaremos conexões entre escrita, oralidade e grafismo, pesquisando relações entre palavra, ação, imaginário e escrita, através do manuseamento de diferentes materialidades e com recurso a diferentes tecnologias. Nela, enquanto proposta performativa imersiva, exploraremos a capacidade de acolher e potenciar a relação “entre” performers e público num mesmo espaço cenográfico-dramatúrgico de ação e imaginação “para” a constituição do baldio que intencionamos. A par das dramaturgas estarão presentes o sonoplasta, o cenógrafo e o designer gráfico do projeto. 

Esta metodologia entrosada, procura explorar uma estrutura dramatúrgica que torna permeáveis as diferentes áreas envolvidas e estende a natureza do processo criativo ao evento performativo, convidando e promovendo o entrosamento entre performers e público num mesmo espaço de ação - reação – respiração – composição.


2 A par dos cidadãos anónimos com quem nos cruzamos nos processos de criação dos diferentes projetos e que nos continuam a inspirar, são autores de referência em Baldio Donna Harraway, Rob Hopkins, David Abram, Bruce Mau, John Croft e VivienneElanta.




NU#03, Teatro do Campo Alegre, Porto, 2022
Fotografia de arquivo © João Peixoto

Instalada na caixa de palco, a área cénica e a plateia confluem, num mesmo dispositivo cenográfico que acolhe performers e público e possibilita diferentes áreas de ação e interação entre atores, público, referências, equipamentos e materialidades. 

O desenho de luz acompanha e expande o fôlego da ação performativa, potenciando conectividades entre o espaço cénico, dramatúrgico, performers, público, referências e materialidades.

A par dos performers, cada apresentação conta com um convidado local – artista, escritor, pensador, especialista – que, a partir do local que ocupa, interagirá com a proposta dramatúrgica, abrindo caminho para ainda inexploradas interconexões.





NU#03, Festival Internacional de Solos, Póvoa do Varzim, 2022
Fotografia de arquivo © Teresa Santos





Ficha Técnica

Direção artística
Catarina Lacerda

Dramaturgia
Catarina Lacerda, Malu Vilas Boas e Lígia Soares

Interpretação
Catarina Lacerda, Malu Vilas Boas e Rodrigo Malvar

Sonoplastia
Rodrigo Malvar

Desenho de Luz
Mariana Figueroa

Cenografia
Pedro Azevedo

Direção de Produção
Paula Silva

Produção Executiva
Ana de Sousa Vieira

Design Gráfico
Sérgio Couto

Fotografia e vídeo
Miguel F.

Comunicação
Ana Rita Marreiros

Criação
Teatro do Frio em Co-produção com a Culturgest

Apoio a residências
Associação Rural Vivo - Campo Gerês (setembro 25)
Coletivo Osso (outubro 25)
crl – central elétrica (outubro e novembro 25)

Biografias


Documento biografias









CALENDARIZAÇÃO


Residência Escrita e Comunicação
8 a 12 setembro 2025
Rural Vivo, Campo do Gerês

Residência Escrita e Design Gráfico
20 a 14 outubro 2025
OSSO, Caldas da Rainha

Ensaios
27 outubro a 27 novembro 2025
CENTRAL ELÉTRICA, Porto
CULTURGEST, Lisboa

Estreia e Carreira
28 a 30 novembro 2025
CULTURGEST, Lisboa

Disponibilidade para circulação 2026/2027





Valor de compra

Preço sob consulta.








             


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